quarta-feira, 3 de março de 2010


WWF-Brasil quer proteger trecho da Mata Atlântica


A ONG WWF-Brasil irá coletar assinaturas para a criação de uma área protegida de 8.025 hectares em Bertioga (SP), no trecho da Mata Atlântica


Ana Greghi

Uma das mais importantes áreas de Mata Atlântica no estado de São Paulo poderá receber uma nova unidade de conservação. Para isso, a ONG WWF-Brasil* está coletando assinaturas para a criação de uma área protegida de 8.025 hectares, em Bertioga (SP), no trecho de Mata Atlântica, litoral paulista.

O espaço em questão é uma planície que abriga rica diversidade de ambientes – dunas, praias, rios, florestas, mangues e uma variada vegetação de restinga -, mas que está vulnerável à pressão imobiliária e turística. De acordo com a organização, a área é uma das 35 ecorregiões prioritárias no mundo.

A definição da região levou em conta uma série de critérios, tais como as características da vida silvestre, da vegetação e dos recursos hídricos. Um grupo de pesquisadores de diferentes especialidades, chamado de Diagnóstico Socioeconômico, Ambiental e Cultural do Polígono Bertioga, demonstrou que o trecho possui rica diversidade biológica e protege rios que formam importantes sub-bacias hidrográficas, essenciais para o abastecimento urbano e o uso industrial.

De acordo com o grupo, nesse ecossistema há 40 espécies de anfíbios, 53 espécies de répteis, 25 espécies de mamíferos de médio e de grande porte, sendo seis ameaçadas em extinção. Em relação à flora, existem mil espécies de plantas, com 44 correndo o risco de desaparecer. As espécies vegetais mais características são os manacás da serra, guapuruvus e o ipê amarelo. Nas florestas de restingas, vegetação do tipo de floresta tropical pluvial - com árvores de até 25 metros de altura - as plantas nativas mais comuns são as palmeiras, cipós, xaxins e árvores de folhas miúdas.

“A melhor maneira de prepararmos a natureza para resistir aos impactos das mudanças climáticas é a conservação dos ecossistemas. Essa é uma forma de prevenirmos os impactos futuros. Criar áreas protegidas é necessário e urgente, pois essa também é uma medida de proteção ao indivíduo e à coletividade”, explica Cláudio Maretti, superintendente de Conservação do WWF-Brasil.

O Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil deu apoio técnico e, em parceria com a Fundação Florestal e o Instituto Florestal de São Paulo, realizou estudos específicos numa área de 10.393 hectares, depois da avaliação do Sistema Estadual de Áreas Protegidas e do desenvolvimento da Visão da Ecorregião Serra do Mar, que mostrou a importância da área.

O documento com as assinaturas deve ser entregue ao governador do Estado de São Paulo, José Serra, e ao secretário estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano. Se aprovada, a unidade de conservação será a primeira a salvar a planície que faz conexão com o Parque Estadual da Serra do Mar, além de proteger rios que abastecem a região e espécies ameaçadas e exclusivas do bioma.

Além disso, segundo a WWF-Brasil, a proteção da área em Bertioga vai contribuir efetivamente para que o Brasil cumpra meta firmada na Convenção da Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas. A meta assumida pelo país é de proteção de 10% da área original do bioma até 2010. Hoje, temos somente 7,9% da Mata Atlântica original.

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