quarta-feira, 30 de junho de 2010


Colheita de amarguras

Os frutos podres que já colhemos devido à irresponsabilidade ambiental


Reação alérgica – Folhagens são arrasadas após “banho” de chuva ácida.


AMBIENTES AMEAÇADOS
Principal causa do desaparecimento das espécies, a degradação dos ambientes naturais é provocada, sobretudo, por desmatamento, expansão agrícola e avanço da urbanização e da poluição. A devastação generalizada afeta profundamente algumas das regiões mais ricas em biodiversidade do mundo e que, por sua situação de risco, ganharam o nome de hotspots*. Um exemplo são as áreas úmidas continentais, como brejos e várzeas. Estima-se que o avanço da agricultura tenha provocado o desaparecimento de aproximadamente 60% desses ecossistemas na Europa. Na Ásia, 85% deles estão ameaçados. Os ricos biomas brasileiros também sofrem constante ameaça.

CHUVA ÁCIDA

Trata-se de chuva, neve ou neblina com alta concentração de ácidos em sua composição. Com a denominação genérica de chuva ácida, sua origem são os óxidos de nitrogênio (NOx) e o dióxido de enxofre (SO2) liberados na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis (principalmente o carvão mineral). Esses compostos reagem com o vapor de água presente na atmosfera, formando o ácido nítrico (HNO3) e o ácidosulfúrico (H2SO4), que, mais tarde, se precipitam e alteramas características do solo e da água, prejudicando lavouras, florestas e a vida aquática. Também danificam edifícios e monumentos históricos.

DESERTIFICAÇÃO

Causado, principalmente, pelo desmatamento indiscriminado que, há séculos – mas, sobretudo nas últimas décadas –, priva o mundo de sua cobertura vegetal, o processo de desertificação ameaça regiões em todo o planeta. No Nordeste brasileiro, por exemplo, a região conhecida como Polígono das Secas sofre ameaça constante de desertificação, provocada pela retirada da vegetação.

EROSÃO

A erosão, um processo natural da superfície terrestre, ocorre com o deslocamento de partículas do solo, pelas chuvas e pelos ventos, além da própria erosão geológica, que nivela a superfície terrestre. Mas a ação do homem (desmatamento, queimadas, urbanização) vem fazendo com que o processo tome proporções devastadoras, causando assoreamento de rios, lagos e represas, inundações e desertifi cação. No Brasil, as regiões mais atingidas estão no cerrado, com a ocorrência de voçorocas – escavações do solo provocadas por erosão subterrânea causada por águas de chuva.

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Cocoruto derretido - O monte Kilimanjaro, na África, está perdendo suas neves eternas: a foto da esquerda é de 1993; a outra, de 2000.

GLOBAL

Uma das consequências da ação humana sobre o meio ambiente é a elevação da temperatura média global, provocada pela intensifi cacao do efeito estufa. O aquecimento global está ligado a fenômenos como o degelo nas regiões polares e o agravamento da desertificação.

EXTINÇÃO DE ESPÉCIES
A situação, nesse quesito, vai de mal a pior: um estudo divulgado em maio de 2008 pela organização WWF indica que, em apenas 35 anos (entre 1970 e 2005), quase um terço das espécies animais do mundo desapareceu. Os números, alarmantes, confi rmam o que já havia apontado outro estudo, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em 2005, segundo o qual a Terra estaria passando por um novo período de extinção em massa. Estima-se que cerca de 27 mil espécies de seres vivos – entre animais, vegetais e micro-organismos – desapareçam do planeta a cada ano. Ainda que a extinção seja natural em um sistema em contínua evolução, o atual ritmo é assustador, acelerado pelas ações humanas – como a exploração abusiva dos recursos naturais, a destruição de habitats, a urbanização, a poluição e a introdução de espécies exóticas nos ambientes.

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RITMO ACELERADO - Cerca de 27 mil espécies desaparecem por ano. O peixe-boi está ameaçado de extinção

VOCÊ SABIA?

*O que são hotspots?


Conceito criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers, os hotspots são as zonas do planeta mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas de destruição. No total são 34, incluindo a mata Atlântica e o cerrado brasileiros. Eles representam apenas 2,3% da superfície da Terra, mas mais da metade das espécies de plantas e 42% das de vertebrados terrestres são endêmicas dessas regiões. Os hotspots já perderam 70% da vegetação original. Por fim, cuidado para evitar uma confusão: o termo hotspot também pode ser usado na geologia — neste caso quando se refere a áreas de erupção vulcânica.


Alvenaria estrutural reduz riscos de acidentes de trabalho


Data: 29/06/2010 / Fonte: Revista Proteção

Ilustração: Beto Soares/Revista Proteção


No Brasil, o Ministério da Previdência So­cial constatou que durante o ano de 2002 foram registrados 393.071 acidentes de trabalho, sendo 28.484 (7,3% do total) relacionados à indústria da construção. Dessa forma, torna-se importante a busca por alternativas que diminuam os riscos a que estão sujeitos os tra­ba­lhadores da construção civil.


As Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do Trabalho, bem como os programas de prevenção de riscos, restringem-se às obras de alvenaria convencional, nas quais a execução da estrutura de concreto armado necessita da montagem de fôrmas de madeira, expondo o trabalhador a riscos de acidentes de ­trabalho constantes, tanto na montagem quanto na retirada das fôrmas da estrutura.

As obras de alvenaria estrutural podem dispensar certos itens relativos à existência de riscos e aos equipamentos de proteção, tanto individuais como coletivos, justamente por seu processo de ­execução econômico e racionalizado, que dispensa a utilização de fôrmas de madeira para a concretagem, pois não são utilizadas ­vigas e pilares em concreto armado.

A utilização do sistema construtivo em al­venaria estrutural pode reduzir os índi­ces de acidentes de trabalho por não utilizar fôrmas de madeira?

A alvenaria estrutural é um sistema cons­trutivo utilizado há milhões de anos, inicialmente com blocos de rocha como ele­mentos de alvenaria e a partir do ano 4.000 a.C. com tijolos de argila.

O sistema construtivo estrutural desenvolveu-se ini­cialmente por meio do simples empilha­mento de tijolos ou blocos, em que os vãos eram executados com peças auxiliares, como vigas de madeira ou pedra. Mais tarde foi descoberta uma alternativa para a execução dos vãos: os arcos, que eram construídos por meio do arranjo entre as uni­dades. Assim foram executadas pontes e obras de grande beleza como, por e­xemplo, a parte superior da igreja de Notre Dame, em Paris.

Ao longo dos séculos obras­ ­importantes foram executadas em alvenaria estru­tu­ral, entre elas, o Parthenon, na Grécia, cons­truí­do entre 480 a.C. e 323 a.C., e a Muralha da China, construída no período de 1368 a 1644.

Até o final do século XIX a alvenaria pre­dominou como material estrutural, po­rém, devido à falta de estudos e de pesqui­sas na área, não existiam técnicas de racionalização. Os cálculos eram feitos de for­ma empírica, sem garantia da segurança da estrutura, forçando seu superdi­men­sionamento.

Em 1950 surgiram códigos de obras e nor­mas com procedimentos de cálculo na Eu­ropa e América do Norte, acarretando um crescimento marcante da alvenaria estrutural em todo o mundo.

No Brasil, foram construídos os primeiros prédios em alvenaria estrutural na década de 60, com quatro pavimentos em alvenaria armada de blocos de concretono conjunto habitacional "Central Parque da Lapa".

A alvenaria estrutural atingiu o auge no Brasil na década de 80, disseminada com a construção dos conjuntos habita­cio­nais, devido ao seu grande potencial de redução de custos. Assim, diversas cons­trutoras e produtoras de blocos investiram nessa tecnologia para torná-la mais vantajosa.

Classificação

A alvenaria estrutural, conforme o doutor em Engenharia Civil, Jefferson Sidney Ca­macho, pode ser classificada quanto ao pro­cesso construtivo empregado, quanto ao tipo de unidade ou ao material utili­za­do.

A alvenaria estrutural armada é o processo construtivo em que, por necessidade estrutural, os elementos resistentes (es­truturais) possuem uma armadura pas­siva de aço. Essas armaduras são dispostas nas cavidades dos blocos que são pos­teriormente preenchidas com micro­concreto (Graute). A alvenaria estrutural armada pode ser adotada em edifica­ções com mais de 20 pavimentos. São normalmente executados com blocos ­vazados de concreto ou cerâmicos. O tamanho do bloco a ser utilizado é definido na fase de projeto, pois é necessária a paginação de cada uma das paredes da edificação.

O processo em que existem nos elementos estruturais somente armaduras com finalidades construtivas, de modo a prevenir problemas patológicos (fissuras, concentração de tensões, etc.), é conhecido como alvenaria estrutural não armada. Esse sistema vem sendo tradicionalmente utilizado em edificações de pequeno porte como residências e ­prédios de até oito pavimentos. O tamanho do ­blo­co a ser utilizado, assim como na alvenaria armada, é definido na fase de projeto, pois também é necessária a paginação de cada uma das paredes da edi­fica­ção. Na alvenaria estrutural não ­armada a análise estrutural não deve acusar esfor­ços de tração.

Já a alvenaria estrutural parcialmente ar­mada configura o processo ­construtivo em que al­guns elementos resistentes são projetados como armados e outros como não armados.

Ainda em relação ao processo construti­vo, é chamado de alvenaria estrutural protendida aquele em que existe uma ar­madura ativa de aço contida no elemento resistente.

Quanto ao tipo de unidades, a alvenaria es­trutural pode ser classificada como de tijolos ou de blocos. Em relação ao ma­­terial utilizado, ela pode ser cerâmica ou de concreto.

Existem normas sobre a alvenaria estrutural e blocos de concreto. A NBR 6136/94 trata sobre o bloco vazado de con­creto simples para a alvenaria estrutural. Já a NBR 5712/82 versa sobre o bloco vazado modular de concreto. Outras normas podem ser citadas: NBR 12118/06 (Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Métodos de ensaio), NBR 10837/89 (Cálculo de alvenaria estrutural de blo­cos vazados de concreto), NBR 8798/85 (E­xecução e controle de obras em alvena­ria estrutural de blocos vazados de concreto) e NBR 8215/83 (Prismas de blocos vazados de concreto simples para alvenaria estrutural - Preparo e ensaio à compressão).


Autores: Marcos Paulo Cielo, Aline P. Gomes, Adalberto Pandolfo, Marcele S. Martins, Regis C. da Silva e Sérgio Bordignon

quinta-feira, 17 de junho de 2010


Alongamento melhora postura e diminui cansaço


Data: 17/06/2010 / Fonte: Admnistradores

Foto: Arquivo GEVISA


Você já deve ter ouvido que realizar atividades físicas ajuda no rendimento profissional, não é mesmo? Mas assim como a prática de exercícios, o descanso também é fundamental após uma dia de trabalho.

A fisioterapeuta do Hospital San Paolo, Shirley Ferraz Crispilho, afirma que, se o corpo e a mente estiverem cansados e estressados, mesmo as atividades mais simples parecerão pesadas.

Para evitar que isso aconteça, a especialista aconselha que os profissionais façam alongamentos todos os dias, mesmo na ausência de exercícios físicos. "Praticar esportes ou frequentar a academia não necessariamente garantem o real equilíbrio da vida e do bom funcionamento do corpo", diz.

Ela explica que o alongamento tem como objetivo esticar os músculos, além de aumentar a amplitude dos movimentos e eliminar do organismo resíduos químicos indesejáveis.

Benefícios para a mente

Após um dia de trabalho, ter um momento de relaxamento é essencial para o reabastecimento de energia, que, em falta, acarreta confusão mental e a depressão, causa ansiedade e hipertensão.

A fisioterapeuta acrescenta ainda que, para relaxar, alguns minutos são suficientes, principalmente em ocasiões de estresse. Segundo ela, os sentimentos de raiva, frustração e rancor sobrecarregam o corpo e dificultam o processo de organização mental.

"A mente, após o relaxamento, fica livre dos pensamentos alheios e indesejáveis", explica Shirley.

Alongamento no trabalho

O profissional pode aproveitar alguns minutos durante o expediente para realizar alongamento. Basta esticar os braços, pernas e o pescoço. Esses movimentos ajudam a melhorar a postura e diminuem o cansaço das atividades repetitivas.

"Qualidade de vida significa ter as áreas mental, física e emocional bem equilibradas. Cansar é normal, mas o cansaço excessivo, sem um momento de relaxamento e cuidados com o corpo adequados, pode causar a queda ou aumento da pressão e do metabolismo, fato que representa um perigo à saúde", finaliza Shirley.



O preço da floresta



Conservação


Empresas e ONGs unem forças para colocar em prática um plano audacioso de salvamento da Mata Atlântica: pagar 3 bilhões de reais para mantê-la em pé

Ana Luiza Herzog
Revista Exame – 16/06/2010

Durante muito tempo, a lógica que norteou as iniciativas de conservação e restauração de florestas no Brasil foi estritamente ambiental. Ou seja, boa parte das ONGs e entidades ligadas à causa defendia essencialmente duas maneiras de manter grandes extensões de mata nativa em pé. Uma era sair comprando terras para transformá-las em reservas. A outra era acreditar que os produtores rurais deveriam manter uma boa porção de suas propriedades intactas, independentemente do custo. Esse raciocínio começou a mudar. Em primeiro lugar, a compra de terras exige muito dinheiro.

Além disso, os ambientalistas perceberam que conquistar o produtor rural só com argumentos verdes não costuma dar resultados práticos. "A restauração precisa ser sinônimo de geração de renda", diz Carlos Alberto Mesquita, diretor executivo do Instituto BioAtlântica, ONG com sede no Rio de Janeiro que trabalha pela preservação da Mata Atlântica. É por acreditar nisso que, a partir deste mês, Mesquita e ambientalistas de outras ONGs, assim como especialistas e estudiosos do tema, estarão observando atentamente os movimentos de uma nova entidade, a Associação Corredor Ecológico do Vale do Paraíba.

Formada pela Fibria, hoje a maior empresa de celulose de eucalipto do mundo, pelo banco Santander, além de instituições como a ONG SOS Mata Atlântica e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a associação tem uma meta ambiciosa: preservar e restaurar nos próximos dez anos 122 000 hectares de Mata Atlântica na porção paulista do Vale do Paraíba, entre as serras do Mar e da Mantiqueira, uma região muito urbanizada e conhecida por abrigar um volume significativo de empresas. A área é quase equivalente à da cidade de São Paulo. Trata-se da maior iniciativa de conservação hoje em curso no país. "A ideia é fazer isso sem comprar nenhum hectare de terra", diz José Luciano Penido, presidente do conselho de administração da Fibria e um dos idealizadores do projeto. Isso será possível, afirma ele, porque a associação vai encontrar maneiras de oferecer aos produtores rurais da região incentivos financeiros para que eles preservem ou restaurem pedaços de mata nativa em suas propriedades. No jargão ambientalista, o que Penido prega é que os fazendeiros sejam ressarcidos pelos "serviços ambientais" que a mata proporciona, como regulação do clima e combate à desertificação da terra e assoreamento de rios, entre outros benefícios.

A teoria do pagamento pelos serviços ambientais é muito defendida e propagandeada pelos ambientalistas. Colocála em prática, porém, não é algo fácil, e ainda são poucos os casos de sucesso no mundo. A associação quer encarar o desafio, e a Fibria será a primeira a colaborar. Para impulsionar o crescimento de sua operação no Vale do Paraíba, será preciso plantar em propriedades rurais de terceiros 28 000 hectares de florestas de eucalipto. Se quiser fazer negócio com a Fibria, o proprietário rural terá de se comprometer a plantar, para cada hectare de eucalipto, 1 hectare de mata nativa. Pela participação, haverá o pagamento de um valor adicional. "Essa será apenas uma das oportunidades de ganho às quais eles terão acesso para valorizar os recursos naturais que possuem em suas terras", afirma o geólogo Paulo Valladares, secretário executivo da associação. A entidade também já criou a figura do produtor de água. Nesse caso, a ideia é remunerar donos de propriedades rurais para que eles conservem os rios que cortam a região.

Para tornar a estratégia viável, será preciso envolver grande parte dos setores público e privado da região. O projeto prevê o plantio de mais de 200 milhões de árvores, um investimento estimado em 3 bilhões de reais. A expectativa, porém, é que prefeituras e empresas sejam pressionadas a colaborar. "É o imperativo econômico que fará com que a iniciativa ganhe escala", afirma Maria Luiza Pinto, diretora executiva de desenvolvimento sustentável do Santander. Não é preciso ser ambientalista para concordar com o argumento. Basta lembrar que as águas da parte paulista do rio Paraíba do Sul abastecem a indústria e a agricultura do estado de São Paulo e 90% da região metropolitana do Rio de Janeiro. Para que esse recurso continue disponível, com qualidade e constância, será preciso mesmo cuidar da mata.

Veja também:
Ações do Projeto Corredor Ecológico iniciam oficialmente

Conservação
O preço da floresta
Empresas e ONGs unem forças para colocar em prática um plano audacioso de salvamento da Mata Atlântica: pagar 3 bilhões de reais para mantê-la em pé
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Ana Luiza Herzog
Revista Exame – 16/06/2010

Durante muito tempo, a lógica que norteou as iniciativas de conservação e restauração de florestas no Brasil foi estritamente ambiental. Ou seja, boa parte das ONGs e entidades ligadas à causa defendia essencialmente duas maneiras de manter grandes extensões de mata nativa em pé. Uma era sair comprando terras para transformá-las em reservas. A outra era acreditar que os produtores rurais deveriam manter uma boa porção de suas propriedades intactas, independentemente do custo. Esse raciocínio começou a mudar. Em primeiro lugar, a compra de terras exige muito dinheiro.

Além disso, os ambientalistas perceberam que conquistar o produtor rural só com argumentos verdes não costuma dar resultados práticos. "A restauração precisa ser sinônimo de geração de renda", diz Carlos Alberto Mesquita, diretor executivo do Instituto BioAtlântica, ONG com sede no Rio de Janeiro que trabalha pela preservação da Mata Atlântica. É por acreditar nisso que, a partir deste mês, Mesquita e ambientalistas de outras ONGs, assim como especialistas e estudiosos do tema, estarão observando atentamente os movimentos de uma nova entidade, a Associação Corredor Ecológico do Vale do Paraíba.

Formada pela Fibria, hoje a maior empresa de celulose de eucalipto do mundo, pelo banco Santander, além de instituições como a ONG SOS Mata Atlântica e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a associação tem uma meta ambiciosa: preservar e restaurar nos próximos dez anos 122 000 hectares de Mata Atlântica na porção paulista do Vale do Paraíba, entre as serras do Mar e da Mantiqueira, uma região muito urbanizada e conhecida por abrigar um volume significativo de empresas. A área é quase equivalente à da cidade de São Paulo. Trata-se da maior iniciativa de conservação hoje em curso no país. "A ideia é fazer isso sem comprar nenhum hectare de terra", diz José Luciano Penido, presidente do conselho de administração da Fibria e um dos idealizadores do projeto. Isso será possível, afirma ele, porque a associação vai encontrar maneiras de oferecer aos produtores rurais da região incentivos financeiros para que eles preservem ou restaurem pedaços de mata nativa em suas propriedades. No jargão ambientalista, o que Penido prega é que os fazendeiros sejam ressarcidos pelos "serviços ambientais" que a mata proporciona, como regulação do clima e combate à desertificação da terra e assoreamento de rios, entre outros benefícios.

A teoria do pagamento pelos serviços ambientais é muito defendida e propagandeada pelos ambientalistas. Colocála em prática, porém, não é algo fácil, e ainda são poucos os casos de sucesso no mundo. A associação quer encarar o desafio, e a Fibria será a primeira a colaborar. Para impulsionar o crescimento de sua operação no Vale do Paraíba, será preciso plantar em propriedades rurais de terceiros 28 000 hectares de florestas de eucalipto. Se quiser fazer negócio com a Fibria, o proprietário rural terá de se comprometer a plantar, para cada hectare de eucalipto, 1 hectare de mata nativa. Pela participação, haverá o pagamento de um valor adicional. "Essa será apenas uma das oportunidades de ganho às quais eles terão acesso para valorizar os recursos naturais que possuem em suas terras", afirma o geólogo Paulo Valladares, secretário executivo da associação. A entidade também já criou a figura do produtor de água. Nesse caso, a ideia é remunerar donos de propriedades rurais para que eles conservem os rios que cortam a região.

Para tornar a estratégia viável, será preciso envolver grande parte dos setores público e privado da região. O projeto prevê o plantio de mais de 200 milhões de árvores, um investimento estimado em 3 bilhões de reais. A expectativa, porém, é que prefeituras e empresas sejam pressionadas a colaborar. "É o imperativo econômico que fará com que a iniciativa ganhe escala", afirma Maria Luiza Pinto, diretora executiva de desenvolvimento sustentável do Santander. Não é preciso ser ambientalista para concordar com o argumento. Basta lembrar que as águas da parte paulista do rio Paraíba do Sul abastecem a indústria e a agricultura do estado de São Paulo e 90% da região metropolitana do Rio de Janeiro. Para que esse recurso continue disponível, com qualidade e constância, será preciso mesmo cuidar da mata.


segunda-feira, 7 de junho de 2010







Formação de Instrutor de Treinamento














Síntese do Curso:

- Objetivos do Treinamento;

- Método da Andragogia;

- Conhecimentos, Habilidades e Atitudes;

- Relações intra e Interpessoal;

- Funções do Facilitador;

- Conhecimentos e habilidades necessárias;

- Tipos de Facilicitador;

- Comportamento dos Aprendizes;

- Comunicação;

- Momentos de uma aula;

- Princípios Básicos;

- Tipos de Aprendiz;

- Treinando Adultos;

- Passos da Aprendizagem;
- Dinâmicas de Grupo;

- Recursos Áudio visuais;
- Comportamental;

- Conteúdo;

- Técnicas das Perguntas;

- Técnica da Pirâmide invertida;

- Postura do Facilitador;
- Planos de Aula (Preparação);

- Utilização do Microfone;

- Apresentação de Palestras pelos aprendizes.

Carga Horária: 20 horas – 05 sábados

Horário: Sábado das 8h às 12h início: 12/06/2010

Investimento: 02x R$ 98,00 -5% 02x R$ 93,10 – á vista R$ 182,00

Público Alvo:

Técnicos e Engenheiros de Segurança (conforme Portaria 3.275 da Lei 6.514 que contempla essa atribuição a esses profissionais, é necessário a capacitação de Instrutor de treinamento para ministrar treinamentos técnicos, como por exemplo, de Operador de Empilhadeiras, Operador de Ponte Rolante, etc.)Esse item é exigido inclusive em auditorias empresariais sobre capacitação de profissionais para esses treinamentos, porque no verso dos certificados, constam carga horária, conteúdo do treinamento, e assinatura do instrutor.

Documentos para a matrícula: • Cópia do RG (não pode ser a Carteira de Habilitação) - Cópia do CPF - Cópia do Comprovante de Endereço de no máximo dos últimos 60 dias (dois últimos meses) devendo estar no nome do aluno
• 02 fotos 3X4



POTENCIAIS INTERESSADOS


Giuliana Belucci
Central de Atendimento
Escola Arquimedes
Fone (19) 2137.7000
Fax (19) 2137.7028
e-mail: giuliana@arquimedes.com.br
www.arquimedes.com.br



sábado, 5 de junho de 2010

As lições do abismo


Superfície de óleo no Golfo do México: soluções extremas para estancar a sangria a 1500 metros de profundidade.





A extração de petróleo no mar nunca mais será a mesma, apesar do aparente sucesso da última e desesperada tentativa de deter o vazamento no Golfo do México. E isso vale também para o pré-sal brasileiro


Alexandre Salvador e Nataly Costa*
Revista Veja – 02/06/2010

A exploração de petróleo no fundo do mar nunca mais será a mesma depois do desastre na plataforma de extração Deepwater Horizon, no Golfo do México. Desde a explosão inicial, no dia 20 de abril, o mundo se viu diante de uma situação inédita: um vazamento submarino sem solução. Tudo parecia dar errado com a Deepwater Horizon, situada a 60 quilômetros da costa do estado americano da Louisiana. Primeiro, a válvula que deveria controlar o fluxo de petróleo falhou, causando a explosão e o rompimento das tubulações no solo do oceano. Todas as tentativas de conter o vazamento fracassaram. Experimentou-se tapar as rachaduras nos canos com a ajuda de robôs submarinos. Não funcionou. Depois, instalou-se uma cúpula de contenção para sugar o petróleo que escapava dos canos.

Também não deu certo. Só na madrugada de sexta-feira passada se conseguiu conter a sangria de petróleo no oceano, com uma técnica chamada top kill, que consiste em introduzir um tipo de lama especial nas tubulações (veja o quadro). Mesmo assim, seria preciso esperar até domingo para ter certeza do sucesso dessa última e desesperada tentativa. O saldo da tragédia até agora foram o vazamento de 148 milhões de litros de petróleo, quantidade equivalente a um terço do consumo diário do Brasil, e uma séria questão para o futuro: como mudar as operações para tirar petróleo do fundo do mar sob a luz das lições científicas, empresariais, legais, políticas e ambientais extraídas do desastre na Deepwater Horizon.

Veja quadro:
Operação tapa-buraco
- Com 7500 quilômetros quadrados, área equivalente a dois estados do Rio de Janeiro, as manchas de petroleo já alcançaram a costa da Louisiana. Outra mancha se dirige para o litoral da Flórida.

A exploração de petróleo em profundidade oceânica superior a 1 000 metros, chamada de prospecção em águas profundas, ocorre em larga escala há apenas duas décadas. Hoje, 6% do petróleo produzido no mundo provém de poços com essas características e estima-se que essa porcentagem dobre nos próximos vinte anos. Ou, pelo menos, era a essa a previsão até o vazamento no Golfo do México. Embora a plataforma Deepwater Horizon fosse uma das mais avançadas do ponto de vista tecnológico, engenheiros e técnicos não foram capazes de impedir que a explosão inicial se convertesse no pior desastre desse tipo já ocorrido nos Estados Unidos. A falha da válvula de segurança da plataforma e os repetidos fiascos nas tentativas de estancar o vazamento de petróleo mostram que a prospecção em alto-mar é uma empreitada que envolve riscos elevados demais para quem trabalha na operação e também para o ambiente.

Os desdobramentos políticos e legais do desastre do Golfo nos Estados Unidos dão indícios do que pode ocorrer com a exploração submarina de petróleo daqui para a frente. Semanas antes da explosão da Deepwater Horizon, o presidente americano Barack Obama havia proposto a ampliação da prospecção em águas profundas como forma de atender ao aumento crescente da demanda por energia no país, sem depender do fornecimento externo, cuja maior parte está em mãos de figuras indignas de confiança, como o venezuelano Hugo Chávez. Os Estados Unidos são o país que mais consome petróleo – mais de 3 bilhões de litros por dia.

Na quinta-feira passada, numa reviravolta, Obama suspendeu a perfuração de 33 poços no Golfo do México e dois no Alasca. Ele também vetou novas permissões de perfuração nos próximos seis meses – a exploração pela Petrobras de dois campos no Golfo do México, Cascade e Chinook, está vetada. A questão em aberto é como foi possível a sequência de erros no acidente do Golfo do México. O governo espera que neste período seja possível estabelecer novos procedimentos de segurança para evitar tragédias desse tipo.

Na sexta-feira, Obama visitou a região do desastre pela segunda vez e assumiu total responsabilidade pela recuperação da área afetada. O discurso penitente não chegou a ser um alívio para o presidente americano. Em pesquisas realizadas na semana passada, 45% dos entrevistados desaprovaram as medidas adotadas. A oposição republicana já chama o desastre do Golfo do México de "o Katrina de Obama". Em 2005, a demora no socorro às vítimas do furacão Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans, também na Louisiana, estraçalhou a imagem do então presidente George W. Bush.

Se depender do Congresso dos EUA, as consequências legais que recairão sobre as empresas responsáveis por acidentes que causam vazamentos de petróleo levarão esse tipo de delito a um patamar infinitamente mais alto. As três empresas envolvidas no acidente do Golfo do México – a British Petroleum, que detinha os direitos da exploração do campo, a Transocean, dona da plataforma, e a empreiteira Halliburton – poderão pagar uma multa de 75 milhões de dólares. Na semana passada, os senadores americanos anunciaram que querem propor o aumento da multa para 10 bilhões de dólares.

O Brasil, obrigatoriamente, terá de prestar atenção nas lições do desastre no Golfo do México. O país extrai do oceano 90% do petróleo que produz. São 826 poços marítimos, 200 deles em águas profundas. A exploração e o transporte de petróleo já provocaram vários acidentes no litoral brasileiro. Em 2000, um vazamento na refinaria Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, espalhou 1,3 milhão de litros por 50 quilômetros quadrados na Baía de Guanabara. Em 1984, um incêndio causado por vazamento de gás na plataforma de Enchova, na Bacia de Campos, resultou na morte de 37 pessoas. Também na Bacia de Campos, em 2001, a explosão da plataforma P-36 matou onze pessoas. Diz Wilson Iramina, do departamento de engenharia de minas e de petróleo da Universidade de São Paulo: "É preciso que haja bom senso da Agência Nacional de Petróleo, da Petrobras e de todas as operadoras para fixar regras de segurança que evitem ao máximo acidentes como o do Golfo. Um bom início seria que esses órgãos estabelecessem um acordo de responsabilidade para, em caso de acidente, não ficar um empurrando a culpa para o outro".

Os desafios tecnológicos e relativos à segurança se tornarão exponencialmente maiores no Brasil quando começar a exploração comercial do petróleo localizado na camada pré-sal do oceano. Nunca se extraiu petróleo de uma profundidade tão grande. Para chegarem ao reservatório de petróleo, os dutos e as sondas de perfuração precisarão atravessar 2 quilômetros de oceano (média de profundidade da água na Bacia de Santos), 1 quilômetro de rocha (camada pós-sal) e mais 2 quilômetros da camada de sal, até chegar, então, ao pré-sal. A temperatura onde se localiza a camada pré-sal pode atingir 100 graus. O calor, aliado à alta pressão, faz com que as propriedades das rochas se alterem, amolecendo-as. Isso dificulta a perfuração porque, se o poço não for revestido de concreto rapidamente, ele se fechará. A grande vantagem do petróleo do pré-sal é ser do tipo leve, assim como o do Oriente Médio. O petróleo extraído atualmente no Brasil, bem como o da Venezuela, é do tipo pesado, de menor valor de mercado. Prestes a entrar na era do pré-sal, é preciso que o Brasil se posicione também na era pós-vazamento no Golfo do México.

*Com reportagem de Laura Ming