domingo, 13 de dezembro de 2009


Parque eólico com equipamentos da Siemens, na Alemanha: a empresa trabalha para que produtos verdes correspondam a 40% de suas vendas até 2012




Empresas ampliaram projetos voltados para a ecoeficiência

O Guia Exame de Sustentabilidade 2009, maior levantamento de responsabilidade corporativa do país, mostra que as iniciativas mais consistentes resistiram à crise

A crise que derrubou de maneira repentina o mercado financeiro global em setembro do ano passado obrigou grandes empresas em todo o mundo a repensar suas estratégias para 2009. Não foi diferente no que diz respeito aos planos relacionados à sustentabilidade. A turbulência colocou na berlinda os investimentos referentes ao tema -- e, obedecendo a uma lógica darwinista, apenas as iniciativas mais consistentes e ligadas diretamente à estratégia dos negócios persistiram. Ganharam espaço, por exemplo, projetos voltados para a ecoeficiência. Das 142 participantes que responderam a todo o questionário do Guia EXAME de Sustentabilidade 2009 (dentro de um universo total de 210 empresas inscritas), 78% possuem critérios ambientais para todas as etapas do processo produtivo. Segundo o levantamento realizado no ano passado, apenas 63% das inscritas tinham a mesma preocupação.

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Usina da EDP, no Espírito Santo: a remuneração de seus 2 400 funcionários agora tem uma parcela variável vinculada a metas sociais e ambientais

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Chama a atenção, por exemplo, a proporção de empresas que possuem uma política de controle no consumo de recursos como água e energia -- 84%. "A pesquisa mostrou que a dimensão ambiental está cada vez mais inserida na estratégia das empresas", diz Roberta Simonetti, coordenadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, responsável pela metodologia do questionário utilizado por EXAME.

Quem ganha com essa política são companhias como a alemã Siemens, que desde 2007 vem investindo no desenvolvimento de produtos com apelo verde. Trata-se de uma categoria que compreende desde produtos com eficiência energética significativamente superior à média até equipamentos de geração de energia renovável e novas tecnologias de limpeza de água e ar. As vendas dessa linha de produtos corresponderam a 25% do faturamento total da companhia em 2008, que somou 19 bilhões de euros em todo o mundo. Mesmo em meio à crise, a categoria avançou -- e cresceu 30% nos últimos 12 meses. A expectativa da Siemens é que esse mercado responda por 40% da receita até o fim de 2012. "A crise trouxe mais austeridade aos negócios", diz Newton Duarte, diretor-geral do setor de energia da Siemens Brasil. "E isso favoreceu a venda de produtos e serviços que, ao mesmo tempo, economizam recursos energéticos e reduzem custos."

Veja quadro:
Os destaques da pesquisa - O perfil das 142 empresas que responderam a todas as questões do Guia Exame de Sustentabilidade 2009


Em alguns casos, essa busca por ecoeficiência exigiu investimentos altíssimos. A IBM, por exemplo, gastou 1 bilhão de dólares para substituir 3 900 servidores no Brasil, nos Estados Unidos, no Reino Unido, no Japão e na Austrália por 30 mainframes nos últimos dois anos. O projeto, batizado de Big Green, já resultou numa economia de energia de 80% para a empresa no mundo todo. Em 2008, o Brasil recebeu uma fatia de cerca de 140 milhões de dólares desse investimento para substituir 200 servidores por um mainframe no Centro de Tecnologia de Hortolândia, no interior de São Paulo. A troca resultou numa economia de energia de 1 200 quilowatts por ano, o equivalente ao consumo de uma cidade de 8 000 habitantes. Além disso, evitou a emissão de 5 000 toneladas de gás carbônico, correspondentes à circulação de 1 700 carros durante um ano. "Não interrompemos o programa porque o retorno do investimento é garantido", afirma Roberto Diniz, gerente de otimização de TI da IBM do Brasil.

Uma frente mais recente, o cálculo das emissões de gases de efeito estufa, também avançou. Hoje, 47% das empresas participantes deste guia avaliam formalmente a emissão de CO2 gerada por suas atividades -- no ano passado, 39% declararam ter a mesma preocupação. A AmBev conseguiu reduzir 35% de suas emissões de gás carbônico nos últimos cinco anos com a substituição de geradores de energia a diesel por biomassa (no caso, casca de coco, lascas de madeira e casca de arroz) em oito fábricas da empresa em todo o Brasil. Hoje, 34% da energia consumida pela AmBev vem dessa fonte renovável. As vantagens não são só ambientais. Em Viamão, no Rio Grande do Sul, o investimento de 5 milhões de reais na usina de biomassa permitiu que a empresa fosse autorizada pelo governo brasileiro e pela ONU a entrar no mercado de créditos de carbono. "Investir na redução dos impactos ambientais, como nas usinas de biomassa, também é investir na redução dos custos. Está tudo atrelado", diz Sandro Bacili, diretor de marketing institucional da AmBev.

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