domingo, 22 de novembro de 2009

Peugeot cria reserva para compensação de carbono

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Redação Sustenta! em 19 novembro 2009 - 16:53


Marina Franco*

A Peugeot e a ONF, estatal francesa especializada no gerenciamento de florestas, tiveram dois motivos para reunir autoridades francesas e brasileiras ontem pela manhã, em Brasília. Um deles foi a assinatura de um acordo entre as duas empresas e o governo do estado do Mato Grosso para a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), em área de 1,8 mil hectares de floresta natural que fica dentro da Fazenda São Nicolau, uma propriedade de dez mil hectares da Peugeot no município de Contriguaçu (MT). A área deverá permanecer conservada, sendo proibido abate, coleta, caça e pesca. Além disso, servirá de base para pesquisas científicas na Amazônia, que poderão ser realizadas por profissionais brasileiros e internacionais.


O contrato de criação da RPPN foi assinado ontem pelo Relações Externas Mundiais da Peugeot, Marc Bocqué, pelo controlador geral e membro da diretoria da ONF, Jacques Valeix e pelo Secretário de Meio Ambiente do Estado do Mato Grosso, Luis Henrique Chaves Daldegan. O território também fará parte do projeto de “corredores da biodiversidade”, do governo mato-grossense e do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que visa preservar as ligações entre ecossistemas ao longo do rio Juruena.


“A floresta é fundamental para as gerações futuras, pois o desflorestamento mundial contribui com 12% a 18% das emissões antrópicas de CO
2, ou seja, com até duas vezes mais que as emissões do automóvel dependendo dos estudos e dos métodos aplicados, embora esse número impressionante não nos exima de maneira alguma de nossas responsabilidades”, disse durante discurso Marc Bocqué, da Peugeot. “O fato de o projeto estar no Brasil confere uma representação simbólica pré COP 15”, afirmou o conselheiro de cooperação e ação cultural de ensino na embaixada da França no Brasil, Pierre Colombier.

10 anos de poço


Fazenda São Nicolau, em Contriguaçu (MT)



A nova RPPN tem origem de outro projeto da fabricante de automóveis, o Poço de Carbono Florestal Peugeot- ONF, que fica na mesma fazenda, a noroeste de MT. A área, assim denominada pois absorve quantidade de CO
2 maior do que a que é emitida, tem dois milhões de árvores replantadas em 1,8 mil hectares, que antes serviam de pastos, e mais sete mil hectares de floresta natural conservada (em parte dela ficará a RPPN). Para reconstituir a biodiversidade local, foram plantadas mais de cinqüenta tipos de essências nativas, como Ipê Rosa, Cajá, Aroeira, Freijó, Paineira e Teca. O Poço de carbono completa dez anos de existência, o outro motivo para a reunião em Brasília.

Os responsáveis anunciaram ontem um pequeno balanço desses anos: estima-se que até 2008 tenham sido capturadas 11 mil toneladas líquidas de CO
2 na biomassa, ou oito toneladas por hectare, de acordo com método de medição do GIEC/IPCC (Grupo Intergovernamental de especialistas sobre a Mudança Climáticas, do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). A estocagem de CO2, absorvido por meio da fotossíntese, é feita em folhas, galhos, troncos e raízes.

“Com certeza o projeto vai ser colocado em Copenhague como um grande piloto da questão de redução das emissões de gases do efeito estufa. E a política de criação de uma RPPN é muito forte, fortalece nossa governança”, declarou Luis Henrique Chaves Daldegan, secretário de meio ambiente de MT.


Além da conservação, o Poço de Carbono Peugeot-ONF pretende oferecer oportunidade de estudo nas áreas de silvicultura, climatologia, ecologia, ciências do solo, entre outras. O programa de educação ambiental recebeu, entre 2001 e 2008, 2,3 mil alunos, além de 150 estudantes de curso superior que pesquisam para trabalhos multidisciplinares, teses e doutorados, tanto no Brasil quanto na França. “O maior problema hoje não é encontrar projetos, mas escolher o melhor entre eles”, afirmou Bocqué, da Peugeot.


Ao todo, a fazenda recebeu 10 milhões de euros, financiamento total da montadora, para o desenvolvimento dos projetos, que vão até 2038. Além disso, a cada ano são investidos 180 mil euros para a pesquisa e monitoramento científico e pedagógico, através de contribuição conjunta entre Peugeot e ONF. Á tarde, em almoço com jornalistas, o executivo da montadora comentou de maneira descontraída: “10 mil hectares podem não ser muito para o tamanho do Brasil, mais certamente o que estamos fazendo é mais do que jardinagem.”


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Viagem feita a convite da Peugeot

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