quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Campinas recicla apenas 2% do lixo, diz comissão


O índice significa que são recolhidas apenas 18 toneladas de lixo por dia pelas 14 cooperativas do município


25/11/2009 - 11h05 . Atualizada em 25/11/2009 - 11h12

Rose Guglielminetti
Agência Anhangüera de Notícias | fale com o repórter
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A Prefeitura de Campinas coleta apenas 2% de material reciclável das 900 toneladas diárias de lixo que são levadas ao Aterro Delta A. O índice significa que são recolhidas apenas 18 toneladas de lixo por dia pelas 14 cooperativas do município. O percentual está bem abaixo de outras cidades, como Curitiba (PR), que recicla 25%, e São Paulo, que responde com 10% do volume de lixo produzido na cidade. Além do baixo índice de lixo reciclável, Campinas tem ainda um outro problema: 75% do volume total dos resíduos da construção civil são descartados de forma incorreta. Os dados são do relatório final da Comissão Especial de Estudos (CEE) da Câmara de Campinas que analisou o sistema de coleta de lixo. Participaram da comissão os vereadores Artur Orsi (PSDB), Luis Yabiku (PDT) e Luiz Henrique Cirilo (PPS).

Orsi, que é relator da comissão, escreveu que a política de resíduos sólidos não é prioridade na Administração do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT). “É sintomático o descaso na destinação final do lixo ao se analisar o percentual reciclado. É uma vergonha a cidade apresentar o índice de 2% na reciclagem do lixo”, afirmou o tucano.

O parlamentar disse ainda que a Prefeitura, ao não incentivar a separação do material que pode ser reaproveitado, deixa de gerar renda para famílias carentes que conseguem receber entre R$ 600,00 e R$ 800,00 por mês trabalhando nas cooperativas e também contribui para que a vida útil dos aterros sanitários seja encurtada.

O relatório apontou ainda que a cobertura para a coleta do material reciclável atinge 75% dos bairros da cidade — com passagens do caminhão de lixo para o recolhimento específico desse material uma vez por semana. Formalmente, 350 pessoas trabalham nas 14 cooperativas de lixo espalhadas pela cidade.

A pouca quantidade de material enviado às cooperativas acaba refletindo na renda dos cooperados. Aparecida de Fátima Assis, presidente da Cooperativa Antonio da Costa Santos, que fica no Jardim Satélite Íris 2, disse que tem faltado garrafas pet, papel, alumínio, papelão, entre outros. “Esta semana, eu tive que dispensar dois turnos porque não tinha material. O meu sonho é trabalhar com um turno à noite. Se a gente recebesse mais, o ganho seria melhor”, disse. Nessa cooperativa, trabalham cerca de 30 pessoas, a maioria mulheres, que recebem cerca de R$ 600,00 por mês. Diariamente, eles separam cerca de 5 toneladas de lixo. “Falta a Prefeitura se empenhar e fazer divulgação”, disse.

Marilda de Souza Pereira tem 37 anos e quatro filhos. Ela não recebe pensão do ex-marido e depende exclusivamente do dinheiro que ganha da cooperativa. “A gente consegue tirar o ganha-pão daqui. Os R$ 600,00, mais a ajuda do bolsa-escola (R$ 60,00), acabam dando para passar o mês. Mas, se a gente tivesse mais material, o nosso salário seria bem melhor”, disse. estudos.

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