quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


Como os paulistanos avaliam sua qualidade de vida?


De acordo com os Indicadores de Referência de Bem-Estar do Município, elaborado pelo Movimento Nossa São Paulo, a nota da capital é 4,8 em dez. O pior item entre os 174 analisados é a honestidade dos políticos

Foi divulgada hoje, 19, em comemoração ao aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro, as conclusões do IRBEM - Indicadores de Referência de Bem-Estar do Município, uma pesquisa realizada pelo Movimento Nossa São Paulo em parceria com o Ibope. “Existe uma discussão sobre qual indicador devemos usar. O PIB não dá conta das questões de desigualdade social e do esgotamento de recursos naturais”, disse Oded Grajew, fundador do Nossa São Paulo, na abertura do evento.

Dividido em duas etapas, o estudo ouviu cerca de 37 mil pessoas em escolas, ONGs, empresas e pela internet, para saber o que os cidadãos consideram fundamental ao bem-estar. Na segunda parte, os itens foram selecionados e se transformaram em um questionário sobre qualidade de vida que foi respondido por mais de 1500 moradores de São Paulo, em dezembro do ano passado.

O resultado não foi animador. As maiores notas foram conquistadas por temas como relacionamento com a família e com amigos, ou seja, áreas em que o sucesso depende da ação do indivíduo, não de políticas públicas. Entre os dez quesitos mais bem avaliados (com notas de 6,5 a 8), a dinâmica se repete: apenas “acesso ao uso da internet” e “campanhas de vacinação” aparecem na lista, representando medidas ligadas à administração da cidade.

Entre os piores, por outro lado, estão “honestidade dos governantes”, “punição á corrupção”, “transparência de gastos e investimentos públicos” e “acompanhamento de ações dos políticos eleitos”, com notas entre 2 e 3. No geral, das 25 áreas analisadas, São Paulo conseguiu média (5,5) em apenas quatro: relações humanas, religião e espiritualidade, trabalho e tecnologia da informação. Transparência e participação política ficaram em última posição, próximas dos também mal posicionados trânsito/transporte, desigualdade e assistência social.

“As pessoas estão sem espaço para inserção social. Precisa haver um deslocamento da ética. Hoje, o sucesso é atribuído a quem toma o sucesso para si. E isso é mortal para um planeta de 7 bilhões de habitantes. Temos de mudar esse conceito, atribuí-lo a quem contribui melhor. E temos um prazo” comentou Ladislau Dowbor, economista professor da pós-graduação da PUC-SP e conselheiro do Planeta Sustentável, presente ao evento.

MEIO AMBIENTE
As questões mais ligadas à natureza também ficaram abaixo da média, com 4,6. Nesse tema, o único quesito que não ficou "no vermelho" foi o da consciência ambiental, em que os paulistanos se deram 6,2. Coleta seletiva, quantidade e proximidade de áreas verdes, poluição sonora e das águas, entre outros, jogaram a nota geral para baixo.

Outra reclamação dos respondentes está na falta de incentivo ao consumo moderado e sustentável, possibilidade de consumir produtos recarregáveis e reciclados e informações disponíveis sobre o impacto ambiental dos produtos. O item consumo também ficou abaixo da média, com 5,2.

A avaliação este coerente e bem distribuída pela cidade de São Paulo, sem grandes diferenças entre o que pensam os respondentes das regiões mais ricas e mais pobres. A sugestão do Movimento Nossa São Paulo é que seja adotado como meta para toda cidade o melhor desempenho, por tema, entre as subprefeituras, já que esses os números são díspares. Outro conselho é que os cidadãos acompanhem o Programa de Metas da prefeitura que informa o planejamento da gestão e façam cobranças a partir daí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário